Soneto do amor como um rio - breve análise

Análise realizada no primeiro ano de Letras. 

SONETO DO AMOR COMO UM RIO

Este infinito amor de um ano faz
Que é maior do que o tempo e do que tudo
Este amor que é real, e que, contudo
Eu já não cria que existisse mais.

Este amor que surgiu insuspeitado
E que dentro do drama fez-se em paz
Este amor que é o túmulo onde jaz
Meu corpo para sempre sepultado.

Este amor meu é como um rio; um rio
Noturno interminável e tardio
A deslizar macio pelo ermo

E que em seu curso sideral me leva
Iluminado de paixão na treva
Para o espaço sem fim de um mar sem termo.


Traços líricos:

Soneto: ênfase no significante – imagem acústica

Sujeito lírico explícito: 1° pessoa

Fusão entre sujeito e objeto


Este soneto tem o predomínio das orações subordinadas.

Caráter emocional intensificado pela musicalidade:


 Rima (a, b, b, a - c, d, d, c - e, e, f - g, g, f)

As rimas são interpoladas.  
1° estrofe: faz e mais – são rimas toantes, ricas e agudas; tudo e contudo – são rimas soantes, ricas e graves. 
2° estrofe: insuspeitado e sepultado – são rimas soantes, pobres e graves; paz e jaz – são rimas soantes, pobres e agudas.
3° estrofe: rio e tardio – são rimas soantes, ricas e graves.
4° estrofe: leva e treva – são rimas soantes, ricas e graves.
3° e 4° estrofes: ermo e termo – são rimas soantes, ricas e graves.


Ritmo: 10 sílabas poéticas (decassílabo). Versificação regular.


Assonâncias em negrito:


Este infinito amor de um ano faz 
Que é maior do que o tempo e do que tudo 
Este amor que é real, e que, contudo 
Eu já não cria que existisse mais. 

Este amor que surgiu insuspeitado 
E que dentro do drama fez-se em paz 
Este amor que é o túmulo onde jaz 
Meu corpo para sempre sepultado. 

Este amor meu é como um rio; um rio 
Noturno interminável e tardio 
A deslizar macio pelo ermo 

E que em seu curso sideral me leva 
Iluminado de paixão na treva 
Para o espaço sem fim de um mar sem termo.






 
Aliterações em negrito:


Este infinito amor de um ano faz 
Que é maior do que o tempo e do que tudo 
Este amor que é real, e que, contudo 
Eu já não cria que existisse mais. 

Este amor que surgiu insuspeitado 
E que dentro do drama fez-se em paz 
Este amor que é o túmulo onde jaz 
Meu corpo para sempre sepultado. 

Este amor meu é como um rio; um rio 
Noturno interminável e tardio 
A deslizar macio pelo erm

E que em seu curso sideral me leva 
Iluminado de paixão na treva 
Para o espaço sem fim de um mar sem termo.



Paronomásias em negrito:

Este infinito amor de um ano faz 
Que é maior do que o tempo e do que tudo 
Este amor que é real, e que, contudo 
Eu já não cria que existisse mais. 

Este amor que surgiu insuspeitado 
E que dentro do drama fez-se em paz 
Este amor que é o túmulo onde jaz 
Meu corpo para sempre sepultado. 

Este amor meu é como um rio; um rio 
Noturno interminável e tardio 
A deslizar macio pelo ermo 

E que em seu curso sideral me leva 
Iluminado de paixão na treva 
Para o espaço sem fim de um mar sem termo.



Repetições fônicas: predomínio de repetições oclusivas; /t/, /d/, /k/, /m/.

O enjambement é expresso pelas curvas no poema, onde temos a quebra de sentido em um verso que tem sentido completo em ligação com o próximo verso. 





Através do soneto é possível sentir a mesma coisa que o eu-lírico sente, os sentimentos se comungam. Os distanciamentos são eliminados, não há resistência à disposição anímica.

Metáforas: Amor com túmulo e rio. Sentimentos que o amor traz como curso sideral, algo que deixa o eu-lírico extasiado. Na última estrofe, “espaço sem fim de um mar sem termo”, essa frase representa que o amor não tem limites para o eu-lírico.


Interpretação do poema: O amor que o eu-lírico sente tem a duração de um ano e ele pensava que não sentia mais, porém ele percebeu que era duradouro e que o deixava maravilhado com os sentimentos que esse amor proporcionara. 

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