Padre Antônio Vieira segundo Massaud Moisés
Resenha para fins acadêmicos sobre texto de Massaud Moisés sobre Padre Antônio Vieira - Literatura Portuguesa.
O texto de Massaud Moisés sobre Padre Antônio Vieira, publicado no livro A literatura portuguesa, 2010, começa exaltando Vieira e descrevendo sua biografia. Moisés nos dá um panorama da vida do autor, o que é muito importante para compreendermos suas obras. Segundo o texto, Antônio Vieira nasceu em Lisboa, no dia 6 de fevereiro de 1608. Aos seis anos de idade, veio para o Brasil, entrou no colégio jesuítico na Bahia e, em 1623, ingressou na Companhia de Jesus. Sua sabedoria e fluência conquistaram o rei D. João IV em 1640, o que lhe deu credibilidade na Corte. Através da posição que conseguiu, Padre Vieira engajou-se em muitas missões em nome do rei, pela Europa. Em 1652, retornou ao Brasil com a intenção de catequizar os índios e, quando volta efetivamente à Metrópole, D. João havia morrido. Vieira acreditava na ressureição do rei D. João e, por tal crença, foi acusado de heresia. Tempo depois, em liberdade, se tornou orador na Suécia. Quando retornou a Lisboa, tentou anular o tratamento dado aos cristãos-novos, porém não teve êxito. Regressou ao Brasil, onde se dedicou a organizar seus sermões e morreu em 1681, na Bahia.
O texto aponta que, para entender bem os sermões de Vieira, é preciso conhecer bem o movimento barroco, o que o autor também explica anteriormente. “De contorno dilemático, contraditório, feito de antíteses e oposições, instável como o próprio ondular das ideias no esforço de orientar e persuadir, os sermões vieirianos correspondem à preocupação de anular a dicotomia radical existente no ser humano, formado que é de corpo e alma”, afirma Moisés (2010, p.116). Os sermões de Vieira são extremamente cativantes, não simplesmente por suas temáticas serem reais até hoje, mas pelo fato dele conseguir prever as contradições que poderia causar e de antemão rebater com argumentos fortes.
Massaud Moisés considera que Vieira foi barroco, mas não gongórico[1]. Por esse motivo, o Padre se apegava na dialética conceptista e ia contra os abusos gongóricos, portanto partia sempre de fatos reais, tendo mais impacto no ouvinte. “Tendo sempre objetivos morais, como declara no “Prólogo do Autor”, o Padre Vieira procura convencer para ensinar e orientar, excitando os fiéis no entendimento das mensagens evangélicas que pretende transmitir”, explica Moisés (2010, p. 118). O autor ainda mostra que Vieira é sempre claro, lógico, profundo e convincente em seus sermões, que seguem a estrutura clássica tripartite (introito, desenvolvimento, peroração), mostrando sua inteligência, fluência e autonomia através da leitura.
Moisés alega que, no fim na vida, Antônio Vieira teve de redigir seus sermões, tendo, portando, poucos publicados. Ele escreveu mais de quinhentas cartas, quinze volumes de sermões, dos quais se destacam os de questões sociais: Sermão dos Peixes, Sermão da Primeira Dominga da Quaresma, Sermão da Quinta Dominga de Quaresma, Sermão da Sexagésima, Sermão pelo Bom-Sucessor das Armas de Portugal Contra as de Holanda, entre outros. O autor defende que Padre Antônio Vieira “é, com toda justiça, a figura mais exponencial do Barroco português. E também do Barroco brasileiro, sem favor nenhum” (p. 119).
De forma clara e objetiva, Massaud Moisés mostra a grandiosidade de alguém tão importante como Padre Antônio Vieira, sendo ele (Padre) “a mais alta personalidade, humana e cultural, dessa época (Barroco)[2], que a sua estatura invulgar deu nível e serviu de símbolo perfeito” (p. 115). A importância de Vieira é inquestionável e, sem dúvidas, Massaud Moisés contribui para essa compreensão através de seu texto. Estudantes de Literatura ou pessoas que se interessam pela área, devem considerar o texto A literatura portuguesa, como uma base de estudos e pesquisas, pois consegue, de forma simples, transmitir ao leitor a grandeza da Literatura Portuguesa e seus autores.
Bibliografia:
MOISÉS, Massaud. A literatura portuguesa. 37. ed. rev. e atualizada. São Paulo: Cultrix, 2010. p. 115-119.
[1] (Relacionado com o estilo literário Barroco cujo maior representante é Luís de Góngora y Argote (1561-1627), poeta espanhol, conhecido pela utilização de palavras muito eruditas, pelo excesso de figuras de linguagem e pela afetação exagerada, Dicionário Online de Português).
[2] Parênteses da resenhista.
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