Fernando Pessoa segundo Richard Zenith
Resenha realizada para fins acadêmicos sobre Fernando Pessoa a partir do texto do verbete de Richard Zenith.
O texto “PESSOA, Fernando (1888-1935)”, verbete escrito por Richard Zenith e publicado no Dicionário de Fernando Pessoa e do modernismo português, começa com os dois ambientes que moldaram Pessoa: Lisboa (Portugal) e Durban (capital da colônia inglesa de Natal, África do Sul). Em Lisboa viveu o começo de sua infância e toda sua vida adulta, em Durban, viveu dos sete aos dezessete anos, onde teve sua formação intelectual e emocional e onde também começou sua produção literária que resultou do choque de línguas desses dois ambientes.
O autor, então, segue para os detalhes da vida de Pessoa. Fernando António Nogueira Pessoa nasceu no dia 13 de Junho de 1888. Tem António em seu nome em homenagem ao Santo António, que é celebrado em Lisboa no dia em que Pessoa nasceu. Seus pais estimulavam sua formação cultural. Adquiriu seu gosto pela música graças ao pai, que era crítico musical e funcionário público. Sua mãe era muito culta e o ensinou a ler e escrever muito cedo. Um mês depois de seu quinto aniversário, seu pai morreu de tuberculose e seis meses depois morreu seu irmão mais novo. Em 1894, sua mãe conheceu João Miguel Rosa, oficial da Marinha, com quem se casou posteriormente. O segundo marido foi nomeado cônsul em Durban, portanto Pessoa mudou-se com a família para lá.
Antes da viagem, com a possibilidade de ficar em Lisboa enquanto a mãe ia para a África, Fernando Pessoa escreve seu primeiro poema em Julho de 1895, de título “À minha Mamã”, no qual dizia que, embora amasse Portugal, amava mais à mãe. Nesse poema, tem-se a primeira demonstração do amor à pátria que Pessoa nutria. Embora criticasse os portugueses e os políticos, sempre se manteve leal ao seu país e escreveu muito sobre ele pela voz de Álvaro de Campos. Também é nítida a relação filial próxima que tinha com sua mãe.
Pessoa, em 1896, chegou a Durban. Estudou na escola Convent School e posteriormente na Durban High School e teve uma educação inglesa excelente. Destacou-se como aluno excelente e em 1903, participou de um exame chamado Matriculation Examination da Universidade do Cabo, o qual ganhou o prêmio Rainha Vitória com o melhor ensaio em inglês. Foi o escolhido entre 899 candidatos. Fernando não praticava esportes, não tinha muitos amigos e não fala da África em sua produção literária a não ser em seu poema “Um soir à Lima”. Teve muita influência da literatura inglesa graças a sua educação e se inspirava em poetas românticos, em Shakespeare, em Poe e outros.
Em 1904, Pessoa ganhou uma bolsa de estudos oferecida pelo Governo no Intermediate Arts Examination para estudar em Oxford ou Cambrige, porém não poderia receber por causa de uma viagem que tinha feito com a família, em 1901, para Portugal. Zenith enfatiza que por pouco Pessoa não se tornou um escritor inglês. A viagem de um ano proporcionou seus primeiros poemas em português (sem contar com o que fez para a mãe), e, como forma de fazer o tempo passar, inventava jornais fictícios, com vários personagens criados por ele. Também na infância escrevera cartas para si mesmo em nome de outro personagem que criara chamado Chevalier de Pas.
Quando volta para Durban depois da viagem, cria seu primeiro alter ego, o inglês Charles Robert Anon, que escreveu contos, poemas e ensaios. Em seguida, criou Alexander Search, que escrevia em inglês, embora tivesse nascido em Lisboa.
Depois de sua frustação por não poder receber o prêmio da bolsa de estudos, Pessoa retornou a Lisboa, frequentou o Curso Superior de Letras por quase dois anos antes de abandonar. Passava horas na Biblioteca Nacional durante a faculdade e teve grande contato com a literatura ocidental, principalmente com a francesa.
Fernando Pessoa escreveu pouco em português nos primeiros anos de regresso, escrevia mais em francês com seu heterônimo Jean Seul e mais ainda em inglês. Escrevia poesia, ficção, textos de filosofia, sociologia e crítica literária. Foi redator, tradutor, tentou negócios na atividade comercial, mas não deu certo.
Analisando as publicações de Pessoa, Zenith comenta a publicação de três artigos sobre a nova poesia portuguesa, em 1912, a primeira prosa criativa (trecho do “Livro do Desassossego”), em 1913, e seus primeiros poemas da maturidade em português. Ainda em 1914, nasceram os três heterônimos mais exaltados de Pessoa: Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis. Pessoa também criou heterônimos astrólogos, frades, filósofos, tradutores, diaristas e fidalgos.
O estudioso aponta as tentativas de Pessoa no empreendedorismo com as revistas Orpheu e Anthena, e as empresas Íbis e Olissipo, porém não teve êxito em suas tentativas. No final do texto, Zenith aponta que Pessoa era interessado em ciências ocultas e tinha forte ligação com a astrologia. Fazia horóscopos para amigos, parentes, figuras da história e das artes, e de si próprio. O autor ainda comenta brevemente sobre a única obra de poesia em Português publicada por Pessoa, o livro “Mensagem”, que é comparado como uma versão lírica e esotérica de “Os Lusíadas”, obra de Camões. O texto termina considerando a vida privada de Pessoa, suas relações familiares e seus amores.
De forma clara e objetiva, Richard Zenith mostra a grandiosidade de alguém tão importante como Fernando Pessoas, sendo ele um dos maiores escritores da Língua Portuguesa. A importância de Pessoa é inquestionável e, sem dúvidas, Zenith contribui para essa concepção através de seu texto. Em alguns momentos é possível se confundir já que a ordem dos acontecimentos se alterna no texto, porém, com uma leitura atenta, a compreensão não é prejudicada. Estudantes de Literatura ou pessoas que se interessam pela área devem considerar o texto “PESSOA, Fernando (1888-1935)”, como uma base de estudos e pesquisas, pois consegue, de forma simples, transmitir ao leitor a grandeza da Literatura Portuguesa com Fernando Pessoa.
Referência
ZENITH, Richard. PESSOA, Fernando (1888-1935). In: MARTINS, Fernando Cabral (Coord.). Dicionário de Fernando Pessoa e do modernismo português. São Paulo: Leya, 2010. p. 618-624.
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