Sobre tirar sangue: eu não sei

     Dias atrás eu precisei tirar sangue e eu não sou fã do assunto. Não é por medo ou porque dói, mas porque eu sempre passo mal. Quando cheguei ao hospital, vi todas aquelas pessoas saindo de boa depois de terem tirado sangue e eu pensava “meu Deus, essas pessoas precisam comer senão elas vão passar mal”, mas cada pessoa tem um organismo diferente, então elas não passavam mal. Já estava um pouco ansiosa quando chegou a minha vez, mas lá estava eu, 12 horas de jejum, e pensando “vai ficar tudo bem”, repetidas vezes. Estava tudo bem mesmo, mas um minuto depois que o sangue já estava saindo do meu corpo, eu comecei a suar frio, minha boca ficou roxa, eu fiquei branca, meu corpo tremia, meus olhos queriam fechar e tudo estava borrado. A enfermeira ficou fazendo uma coisa louca para me reanimar, mas demorou pelo menos 5 minutos para eu ficar mais ou menos. 
     Isso acontece comigo desde sempre. Uma vez, estava preparada para tirar o sangue e no mesmo dia eu teria que fazer exame de urina. Por algum motivo desconhecido e ignorante do hospital, eles decidiram que eu tiraria o sangue primeiro, só para facilitar a minha vida... Então tudo bem, tirei o sangue e uma enfermeira me deu o potinho da urina e me indicou onde era o banheiro, o problema era: eu estava passando mal e a linda da moça nem ligou. Ok. Cheguei ao banheiro e quem disse que eu conseguia me mexer... a questão é que eu já estava semi nua, então todos os comandos que eu conseguia mandar para o meu corpo era: “levanta agora, porque você não quer que nenhum enfermeiro te veja pelada”. Depois de um tempo, eu consegui, e fui cambaleando até a moça para entregar o potinho. Foi uma das piores experiências da minha vida, que foi trágica e cômica ao mesmo tempo. 
     Minha mãe fala: “Ah, mas se você ficar pensando que vai passar mal, você vai passar mal”, mas eu não fico pensando isso, pelo contrário, tudo o que eu quero é não passar mal, mas acontece, fazer o quê? Meu corpo reage dessa maneira para isso. 
     Eu sou uma pessoa muito forte para dor. Sério. Eu aguento a dor. Mas tirar sangue não tem a ver com dor, pelo menos para mim. Então a minha sentença é que eu nunca vou poder tirar sangue sozinha, sempre vou precisar de alguém para me reanimar e esperar voltar minha pressão. Sabe o que é também? Falta de comida. Falta de comida faz um estrago nas pessoas que a gente nem imagina... Então junta isso, com isso, com aquilo e o resultado sou eu, desse tamanho, pagando micão em frente todas as pessoas do hospital. 
     Se você partilha disso ou também já passou por situações parecidas, me fale, porque será muito legal conhecer um pouco, dar umas risadas e saber que eu não sou a única a dar vexame em hospitais.


Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

A cruz na estrada - Castro Alves (breve análise)

Proposta para exercício de análise para fins acadêmicos.  A CRUZ DA ESTRADA - CASTRO ALVES  Caminheiro que passas pela estrada, Seguindo pelo rumo do sertão, Quando vires a cruz abandonada, Deixa-a em paz dormir na solidão. Que vale o ramo do alecrim cheiroso Que lhe atiras nos braços ao passar? Vais espantar o bando buliçoso Das borboletas, que lá vão pousar. É de um escravo humilde sepultura, Foi-lhe a vida o velar de insônia atroz. Deixa-o dormir no leito de verdura, Que o Senhor dentre as selvas lhe compôs. Não precisa de ti. O gaturamo Geme, por ele, à tarde, no sertão. E a juriti, do taquaral no ramo, Povoa, soluçando, a solidão. Dentre os braços da cruz, a parasita, Num abraço de flores, se prendeu. Chora orvalhos a grama, que palpita; Lhe acende o vaga-lume o facho seu. Quando, à noite, o silêncio habita as matas, A sepultura fala a sós com Deus. Prende-se a voz na boca das cascatas, E as asas de ouro aos astros lá nos céus. Caminheiro! do escravo desgraçado O sono a...
Leia mais

Leito de Folhas Verdes - Gonçalves Dias (breve análise)

Proposta de análise de texto romântico realizada para fins acadêmicos. GONÇALVES DIAS - LEITO DE FOLHAS VERDES Por que tardas, Jatir, que tanto a custo À voz do meu amor moves teus passos? Da noite a viração, movendo as folhas, Já nos cimos do bosque rumoreja. Eu sob a copa da mangueira altiva Nosso leito gentil cobri zelosa Com mimoso tapiz de folhas brandas, Onde o frouxo luar brinca entre flores. Do tamarindo a flor abriu-se, há pouco, Já solta o bogari mais doce aroma! Como prece de amor, como estas preces, No silêncio da noite o bosque exala. Brilha a lua no céu, brilham estrelas, Correm perfumes no correr da brisa, A cujo influxo mágico respira-se Um quebranto de amor, melhor que a vida! A flor que desabrocha ao romper d'alva Um só giro do sol, não mais, vegeta: Eu sou aquela flor que espero ainda Doce raio do sol que me dê vida. Sejam vales ou montes, lago ou terra, Onde quer que tu vás, ou dia ou noite, Vai seguindo após ti meu pensamento; Outro amor nunca tive: és meu, s...
Leia mais

Gramaticalmente incorreto

     Cresci cercada por nordestinos muito humildes, que sobreviviam do que plantavam. Minha mãe é pernambucana, assim como toda sua família. Ela nunca teve acesso a uma educação de qualidade, porém sempre foi dedicada e se esforçou para terminar o colegial em São Paulo, quando decidiu se mudar e começar uma nova vida. Em São Paulo, conheceu meu pai, um menino que desistiu da escola quando estava na 5ª série (equivalente ao 6º ano) para ajudar sua mãe e sua avó nas despesas de casa e nunca mais voltou a estudar.      Minha mãe, sempre dedicada ao “falar corretamente”, costumava corrigir meu pai sempre que ele cometia algum erro gramatical. Eu e meu irmão ríamos da situação, meu pai entrava na brincadeira e ria junto. Até que um dia, um pouco mais velha, percebi que não deveria rir do meu pai por não saber desenvolver uma frase gramaticalmente correta, pois, além de preconceito linguístico (na época não conhecia o termo), era falta de respeito. Não p...
Leia mais