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Mostrando postagens de novembro, 2015

De cabeça erguida

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     Estava voltando da faculdade fazendo o mesmo caminho de sempre, ou seja, a quase um ano eu percorro o mesmo caminho todos os dias.Quando eu ando, geralmente olho para o chão. Nunca tinha parado para olhar direito o lugar.      Até que  um dia desses o chão estava coberto de flores amarelas. Um tapete amarelo de flores. Então, olhei para cima. As árvores estavam simplesmente maravilhosas, cheias de flores, cheias de vida. Olhei ao redor. Tentei enxergar detalhes que nunca tinha visto. Tentei enxergar a beleza no monótono. Funcionou.      Continuei o caminho de cabeça erguida. Olhando para todas as direções possíveis. Como eu não enxergara toda aquela beleza antes? Uma vez me falaram que vemos o que gostaríamos de ver, mas às vezes as coisas são o que são e nós que não as enxergamos. As árvores estavam ali todos os dias. Todos dias eu caminhava entre elas sem notá-las nem por um momento. Precisou de um tapete de flores amar...

Pontaria

     Era terça-feira: dia de tiro ao alvo. As três cabines já estavam separadas. João chegou no horário certo, como sempre. Davi e Lucas estavam atrasados, porém apenas alguns minutos. Davi era conhecido como o melhor detetive da cidade, e como se isso não fosse o bastante, também era famoso por sua pontaria. Ele sempre acertava seus alvos com um tiro exatamente no meio da testa. Uma vez, ele alvejou dez tiros seguidos no mesmo ponto. A testa era o que chamava mais a sua atenção. Lucas também era bom, porém entre Davi e Lucas, o chefe escolheu dar a promoção a Davi. João era novato, mas sua amizade de anos com Davi o ajudou a crescer dentro da delegacia.      Dez minutos de atraso. A arma de João já estava carregada, mas não gostava de atirar sem a companhia dos amigos, tiros bons não são nada sem plateia. Meia hora depois, ele recebe a ligação de seu chefe: Davi estava morto. Por um momento, pensou ser uma das pegadinhas que recebeu quando entrou...

O semáforo

     O dia era tranquilo como qualquer outro. Passarinhos cantavam em cima das árvores, dona Rita tricotava uma touca nova para seu neto, Marcos estava fazendo o seu treino de ciclismo, o guardinha do bairro estava cochilando em seu carro, Ana e Carla conversavam em frente o portão da faculdade e seu Carlinhos saíra para trabalhar. Enquanto dirigia, ele via seus amigos da vizinhança em suas atividades diárias.      O semáforo ficou amarelo. Como um bom senhor, seu Carlinhos foi parando até que o sinal ficasse vermelho. No segundo seguinte, outro carro parou na faixa ao lado com um som ensurdecedor e incompreensível. Seu Carlinhos buzinou, porém não teve sucesso com seu protesto. Ele pensou em sair do carro para chamar a atenção do motorista, mas era muito medroso para isso, além do mais, o indivíduo parecia ser mal encarado.      Dona Rita abriu a janela para saber o que acontecia. Marcos parou seu treino e foi até o local. Ana e Carla s...

Quantidade com qualidade

      Em Junho de 2013, ocorreram várias manifestações no Brasil. O estopim foi o aumento da tarifa do transporte público, porém, ao longo dos protestos, várias outras reivindicações foram apresentadas. Segundo os dados levantados pelo Ibope, aproximadamente 84% da população sensibilizou-se com o movimento. A iniciativa das manifestações foi boa e resultou em mudanças para o país, no entanto, aprovar as manifestações é diferente de aprovar a maneira como são conduzidas.      De fato, os problemas no Brasil são tantos “que nem cabem em um cartaz”, como os manifestantes expunham em suas bandeiras, porém, ir para uma manifestação sem um objetivo em comum é eficaz?      Para responder a essa pergunta, podemos olhar para os resultados que esses protestos trouxeram para o país, tais como: a diminuição da tarifa do transporte público, a derrubada da PEC 37, a aprovação do projeto de lei que destina os recursos dos royalties do petróleo à edu...